01) A CIRURGIA ESTÉTICA DE AUMENTO
DAS MAMAS DEIXA CICATRIZES?
R: Felizmente, esta
cirurgia permite-nos colocas as cicatrizes bastante disfarçadas,
o que é muito conveniente nos primeiros meses. Para melhor
esclarecê-la sobre a evolução cicatricial,
vamos relatar os diversos períodos pelos quais as cicatrizes
infalivelmente passarão:
a) - PERÍODO IMEDIATO: Vai até
o 30º dia e apresenta-se com aspecto pouco visível.
Alguns casos apresentam uma discreta reação aos
pontos ou ao curativo.
b) - PERÍODO MEDIATO: Vai do 30º
dia até o 12º mês. Neste período há
o espessamento natural da cicatriz, bem como inicia-se uma mudança
de cor, da mesma, passando para mais escuro (do vermelho para
o marrom) que vai, aos poucos, clareando. Este período,
o menos favorável da evolução cicatricial,
é o que mais preocupa as pacientes. Como não podemos
apressar o processo natural da cicatrização, recomendamos
às pacientes que não se preocupem, pois, o período
tardio se encarregará de diminuir os vestígios cicatriciais.
c) - PERÍODO TARDIO: Vai do 12º ao
18º mês. Neste período, a cicatriz começa
a tornar-se mais clara e menos consistente, atingindo, assim,
o seu aspecto definitivo. Qualquer avaliação do
resultado definitivo da cirurgia, no tocante à cicatriz,
deverá ser feita após este período.
02) ONDE SE LOCALIZAM AS CICATRIZES?
QUAL É A POSIÇÃO ANATÔMICA DAS PRÓTESES?
R: A localização
das cicatrizes dependerá de cada caso em particular, da
sua conveniência, desejo e possibilidade anatômica.
Atualmente existem as seguintes opções:
- no sulco formado entre a mama e o tórax (sulco mamário);
- na área inferior da aréola (hemi-periareolar
inferior);
- na região anterior da axila (trans-axilar);
- nos casos que necessitem de aumento e mastopexia (montagem
da mama e suspenção do complexo aréolo-mamilar),
periareolar completa ou "I".
|
Desde as primeiras semanas de pós-operatório
poderá ser usado um "decote bastante generoso",
pois, as cicatrizes ficam bastante disfarçadas. Com o decorrer
do tempo (vide item anterior), as cicatrizes vão melhorando,
chegando mesmo à quase imperceptibilidade, em certos casos.
Entretanto, você deve considerar que não há
posibilidade na Medicina atual de não se deixar nenhuma
cicatriz, ou mesmo apagá-la. Sempre que existe uma solução
de continuidade na pele ou outros tecidos, a natureza responde
com o processo cicatricial. Portanto você deve considerar
como uma relação de troca: a inclusão da
prótese por uma cicatriz. Nós teremos todo empenho
com técnica cirúrgica e utilização
de fios de sutura adequados para minimizar ao máximo a
reação tecidual, e assim possibilitar uma cicatrização
com evolução normal. É importante esclarecer
que, na realidade, uma boa cicatrização depende
mais dos fatores intrínsecos dos pacientes do que propriamente
a técnica cirúrgica empregada.
As próteses podem, classicamente, estar localizadas em
três diferentes sítios: posição retroglandular
- atrás da glândula mamária; posiçaõ
retro-fascial - atrás da fascia peitoral e acima do músculo
peitoral e, posição retro-peitoral - atrás
do músculo peitoral. Nós lhe indicaremos a conveniência
de cada uma delas. Nossa opção de escolha, na rotina,
recai sobre a posição retro-fascial, pois oferece
todas as vantagens das duas outras posições anatômicas
mencionadas.
03) OUVI DIZER QUE ALGUMAS PACIENTES
FICAM COM CICATRIZES MUITO VISÍVEIS.
R: Certas pacientes
apresentam tendência à cicatrização
hipertrófica ou ao quelóide. Essa tendência,
entretanto, poderá ser prevista, até certo ponto,
durante a consulta inicial, quando lhe fazemos uma série
de perguntas sobre sua vida clínica pregressa, bem como
a análise das características familiares, que muito
nos ajudam quanto ao prognóstico das cicatrizes. Geralmente,
pessoas de pele clara tendem menos a esta complicação
cicatricial; pessoas de pele morena ou orientais têm maior
predisposição ao quelóide ou à cicatriz
hipertrófica. Isto, entretanto, não é uma
regra absoluta. A análise dos antecedentes, como já
o dissemos, nos facilitará o prognóstico cicatricial.
Não existe na Medicina atual nenhuma forma (exames laboratoriais,
provas clínicas, exames propedêuticos, etc) de se
prever o comportamento cicatricial de um determinado paciente,
devendo o paciente entender que a melhor conduta é o seguimento
diliginte pós-operatório com seu cirurgião.
04) EXISTE CORREÇÃO PARA
AS CICATRIZES HIPERTRÓFICAS?
R: Vários
recursos clínicos e cirúrgicos nos permitem melhorar
cicatrizes inestéticas, na época adequada (pelo
menos 6 meses devem se passar antes de se optar por nova cirurgia
para a correção de cicatrizes) . Não se deve
confundir, entretanto, com as características do período
mediato da cicatrização. Qualquer dúvida
a respeito da sua evolução cicatricial deverá
ser esclarecida conosco e nunca com terceiros que, como você,
"também estão apreensivos quanto ao resultado
final".
Basicamente existe a necessidade de uma plástica na cicatriz,
geralmente com anestesia local, com sua ressecção
e nova síntese (sutura). Terapêuticas complementares
podem ser utilizadas como a infiltração de corticoides
locais, beta-terapia, compressão local, fitas adesivas
de corticoide etc. Nós estaremos, com você, empenhados
neste seguimento pós operatório!
|
|
05) COMO FICARÃO MINHAS NOVAS
MAMAS, EM RELAÇÃO AO TAMANHO E CONSISTÊNCIA?
R: As mamas podem
ter seu volume aumentado através da cirurgia. Além
disso, almejamos melhorar sua consistência e forma com a
intervenção cirúrgica. Assim é que,
neste caso, pode-se escolher o novo volume, pois dispomos de vários
tamanhos de peças de silicone a serem introduzidas. Existe
uma harmonia entre o volume ideal das mamas e o tamanho do tórax,
característica esta que deve ser preservada no planejamento
da cirurgia. Deverão ser mantidas as proporções
entre o volume da nova mama e o tamanho do tórax de cada
paciente, a fim de se obter maior harmonia estética. A
mama assim operada, passará por vários períodos
evolutivos:
a) - PERÍODO IMEDIATO:
Vai até o 30º dia. Neste Período, apesar das
mamas se apresentarem com aspecto bastante melhorado, sua forma
e volume ainda estão aquém do resultado planejado.
Lembre-se desta observação:
// - NENHUMA MAMA
SERÁ "PERFEITA" NO PÓS-OPERATÓRIO
IMEDIATO - //.
b) - PERÍODO MEDIATO: Vai do 30º
dia até o 3º mês - Neste período, a mama
começa a apresentar uma evolução que tende
à forma definitiva. São características deste
período um maior ou menor grau de "incbaço"
das mamas; além disso, o aspecto cicatricial encontra-se
em plena fase de transição (ver item 1º). Apesar
da euforia da maioria das pacientes, já neste período,
costumamos dizer às mesmas que seu resultado ficará
melhor ainda, pois, isto será a característica do
período tardio.
c) - PERÍODO TARDIO: Vai do 3º mês
até o 12º. É o período em que a mama
atinge seu aspecto definitivo ( cicatriz, forma, consistência,
volume, sensibilidade, etc.). É neste período que
costumamos fotografar os casos operados, a fim de compará-los
com o aspecto pré-operatório de cada paciente. Tem
grande importância no resultado final, o grau de elasticidade
da pele das mamas, bem como o volume da prótese introduzida.
O equilíbrio entre ambos varia de caso para caso.
06) EM QUANTO TEMPO ATINGIREI O RESULTADO
DEFINITIVO?
R: Apesar do resultado
imediato ser muito bom, somente na fase mencionada como "período
tardio" (vide item anterior) é que as mamas atingirão
sua forma definitiva.
07) QUAL O TIPO DE BIQUINE QUE PODEREI
USAR, APÓS A CIRURGIA?
R: No período
imediato, mediato ou tardio, qualquer tipo de biquine, desde que
a peça superior não fique muito justa. É
claro que, após o amadurecimento das cicatrizes, os biquines
poderão ser mais "generosos" ao seu critério.
Você têm que estar ciente que não é
adequado tomar sol antes de, pelo menos, 40 dias após a
cirurgia. Sol direto na cicatriz ("top less") somente
após o 6º mês pós-operatório,
com filtro solar adequado para o seu tipo de pele.
08) NO CASO DE NOVA GRAVIDEZ, O RESULTADO
PERMANECERÁ OU FICARÁ PREJUDICADO?
R: O seu ginecologista
lhe dirá da conveniência ou não de nova gravidez.
Quanto ao resultado, poderá ser preservado, desde que aquele
especialista controle seu aumento de peso na nova gestação.
Geralmente não há problema da nova gravidez interferir
no resultado, já que a cirurgia é realizada habitualmente
"fora do tecido mamário". Entretanto, pode haver
perda do resultado em virtude da perda da elasticidade da pele,
comum na gravidez e amamentação. Esta cirurgia,
dessa forma, deve ser feita ou muito antes de uma possibilidade
de gravidez ou quando sua família já estiver totalmente
completa.
Se houver gravidez, não se preocupe: toda a capacidade
funcional de sua mama estará preservada; você amamentará
com toda normalidade, sem nenhum risco a você e a sua criança.
O resultado estético após este ciclo poderá
estar comprometido, dependendo de vários fatores, principalmente
o seu aumento de peso e resposta hormonal, que leva ao crescimento
do tecido mamário e posterior atrofia, da mesma forma que
uma mama originalmente bonita (não operada) pode perder
sua beleza com o ciclo gravidez-amamentação.
09) O PÓS-OPERATÓRIO DESTA
CIRÚRGICA É DOLOROSO?
R: Geralmente não,
desde que você obedeça às instruções
médicas, principalmente no que tange à movimentação
dos braços, nos primeiros dias. Eventualmente poderá
ocorrer manifestação dolorosa, que cederá
com os analgésicos receitados. Dor é também
um fenômeno individual, que está muito associado
ao estado de ânimo do paciente. Geralmente analgesia comum
e repouso por 48hs são suficientes. Se houver muita dor,
comunique-se com a equipe médica. Nós estaremos
integralmente à sua disposição. Pode haver,
embora raramente, tanto um aumento da sensibilidade local, quanto
uma dimiuição da mesma, por um período variável,
que geralmente não ultrapassa o 3º mês.
10) FICAREI MUITO ROXA?
R: A equimose (roxo)
também é muito variável, e sua intensidade
depende da fragilidade capilar das pacientes, trauma local, diluição
da solução anestésica tumecente, porte da
cirurgia, cor e flacidez da pele etc. Em média, a equimose
pode durar de 7 a 14 dias, do roxo intenso ao amarelado claro,
pasando do verde azulado ao ocre amarronzado. Não confundir
nunca equimose com hematoma (coleção de sangue em
um espaço ou cavidade).
11) HÁ PERIGO NESTA OPERAÇÃO?
R: Como qualquer
outro procedimento cirúrgico da Medicina. Raramente a cirurgia
plástica de aumento das mamas determina sérias complicações.
Isto se deve ao fato de se preparar adequadamente cada paciente,
além de ponderarmos sobre a conveniência ou não
da utilização das próteses de silicone, assim
como sobre suas eventuais complicações. Nas nossas
"Considerações e Reflexões sobre a Arte
Médica e a Cirurgia Plástica", nós tecemos,
à luz da moderna Medicina, o quadro real da Cirurgia Plástica.
Se você ainda tem alguma dúvida, releia o documento
e fale conosco. Sua certeza absoluta de se submeter ao procedimento
nos é muito importante. E fundamental para sua consciência.}
O mais importante fator para se lidar com uma complicação
ou intercorrência é a confiança na equipe
médica. Somente ela está capacitada para resolver
problemas em situações críticas, tendo sido
exaustivamente treinada para isso. A interferência de leigos
é quase sempre prejudicial ao paciente. A escolha refletida
do médico e hospital, são fundamentais para essa
sensação de confiança, que só benefícios
trazem para o bom andamento dos casos, seja na Medicina em geral
ou na Cirurgia Plástica em particular.
12) QUAL O TIPO DA ANESTESIA UTILIZADA?
R: Anestesia geral,
peri-dural alta ou local com sedação assistida.
Depende de cada caso e de associações com outros
procedimentos. Nos casos em que a paciente optar pela via axilar,
a anestesia será geral preferencialmente. Nos casos de
mastoplastia pela via periareolar e via sulco mamário a
anestesia habitualmente realizada é a local com sedação
assistida.
13) QUANTO TEMPO DURA O ATO CIRÚRGICO?
R: Em média
120' minutos, se necessário for.
14) QUAL O PERÍODO DE INTERNAÇÃO?
R: De 06 hs a 24
hs.
15) SÃO UTILIZADOS CURATIVOS?
R: Sim. Curativos
elásticos e modeladores, especialmente adaptados a cada
tipo de mama. Você deve usar nos primeiros 30 dias após
a cirurgia um sutiã especial modelador que lhe será
indicado por nossas enfermeiras. No caso da opção
da via axilar, uma faixa compressiva de velcro será usada
até o 1º mês, além do sutiã modelador.
16) QUANDO SÃO RETIRADOS OS PONTOS?
R: Geralmente são
utilizados pontos que são retirados até o7º
dia pós-operatório. Uma cola de metacrilato ou bandagem
"micropore" são utilizados até o 30º
dia, para protegerem a cicatriz.
17) QUANDO PODEREI TOMAR BANHO COMPLETO?
R: Geralmente após
5 dias. Antes disso, entretanto, poderá ser tomado o banho
quase normal, observando-se apenas os cuidados especiais que serão
ensinados pela nossa enfermeira (não molhar os curativos).
18) QUAL A EVOLUÇÃO PÓS-OPERATÓRlA?
R: Você não
deve se esquecer que, até que se atinja o resultado almejado,
as mamas passarão por diversas fases (vide itens 1 e 5).
Se lhe ocorrer a preocupação no sentido de "desejar
atingir o resultado definitivo antes do previsto", não
faça disto motivo de sofrimento: tenha a devida paciência,
pois seu organismo se encarregará espontaneamente de dissipar
todos os transtornos imediatos que, infalivelmente chamarão
a atenção de alguma amiga que não se furtará
à observação: - "SERÁ QUE ISTO
VAI DESAPARECER MESMO ?". É evidente que toda e qualquer
preocupação de sua parte deverá ser a nós
transmitida; daremos os esclarecimentos necessários para
sua tranqüilidade.
19) QUANDO PODEREI RETORNAR A MINHA
VIDA NORMAL?
R: Atividade física
esportiva é liberada geralmente após 30 a 40 dias,
com exercícios progressivos. Uma caminhada leve e despreocupada
de atividade física pode ser iniciada após a segunda
semana. Dirigir automóvel somente após 7º ao
10º dia, com nossa autorização. Evitar esforços
físicos que exijam a cintura escapular (ombros) e braços
totalmente estendidos: "não colocar o piano em cima
do armário".
Todas as atividades de higiene pessoal e vestimentos estão
liberadas desde o 1º dia tais como, escovar os dentes, pentear
os cabelos, amarrar os sapatos, colocar uma blusa, digitar computadores,
escrever etc.
Você pode e deve pegar seus filhos pequenos, desde que não
os apanhe do chão e os traga de encontro ao seu tórax.
Peça para alguém entregá-los ao seu colo,
de preferência você estando sentada.
Sol de bronzeamento pode ser reiniciado após 40 dias, com
nossa liberação, desde que com trajes de banho.
Evite o sol forte neste período para não aumentar
o edema pós-operatório. Nunca tomar sol se a equimose
(roxo) estiver presente: você pode retardar em meses para
ela sair! Sol diretamente na cicatriz após o 6º mês
pós-operatório.
20) QUE VEM A SER A RETRAÇÃO
DA CÁPSULA?
R: É uma
retração exagerada da cápsula fibrosa que
o seu organismo eventualmente forma em torno da prótese
de silicone mamário, determinando certo grau de endurecimento
à região, quando palpada. Existe um percentual mulheres
(em torno de 4% a 6%) que poderá estar sujeito à
tal retração; entretanto, se isto ocorrer em grau
acentuado, as próteses poderão e deverão
ser retiradas, através das mesmas cicatrizes, em ato cirúrgico
simples, sob anestesia local. A paciente então opta, ou
por trocar sua prótese, ou por voltar a sua condição
pré-operatória. Cirurgião e paciente, poderão
ponderar sobre a conveniência ou não da reintrodução
de próteses menores ou outra conduta que melhor se adapte
ao caso, no mesmo ato ou em tempo posterior.
A retração da cápsula nunca reflete imperícia
do cirurgião mas sim, um comportamento anômalo do
organismo das pacientes que a apresentam. De fato, a contração
capsular é uma resposta do organismo à presença
da prótese de silicone: nunca é uma rejeição!
É um fenômeno de reação a um corpo
estranho (prótese). A contração capsular,
em si, não constitui nenhuma patologia ou necessidade premente
de retirada das inclusões. A mulher pode perfeitamente
conviver com ela sem nenhum risco de lhe trazer qualquer enfermidade,
como o câncer de mama, problemas reumatológiocs,
auto-imunes ou outros. Esta conclusão foi retirada de vários
estudos multicêntricos realizados em todo o mundo. Hoje
existe total aprovação para o uso da prótese
de silicone por todos órgãos que regulamentam a
atividade médica no país, como procedimento adequado
e regulamentado, tais como o Ministério da Saúde,
Conselho Federal de Medicina, Conselho Regional de Medicina do
Estado de São Paulo, Sociedade Brasileira de Mastologia,
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Não é
e nunca foi um procedimento clandestino.
(Não se deve confundir a introdução
de próteses de silicone coeso com a injeção
de silicone líquido, que é um procedimento totalmente
proibido e que não é realizado por profissionais
médicos: trata-se de uma lesão corporal.)
As próteses evoluíram muito tecnologicamente
e sua manufatura é realizada com grande controle de qualidade.
O silicone utilizado em seu interior é coeso, ou seja,
não extravasa quando perfurado. Em situações
críticas como um tiro (ferimento por arma de fogo), uma
facada (ferimento por arma branca) ou um acidentente automobilístico
(trauma fechado), se houver a ruptura do envólucro externo
da prótese, existe a necessidade da troca da prótese,
mas sem urgência. Ruptura espontânea é muito
rara e, se ocorrer, a prótese também deverá
ser trocada.
A cápsula, que na realidade é uma membrana de colágeno
que o próprio organismo sintetiza ao redor das próteses,
atua como um barreira física para evitar uma eventual disseminação
do silicone roto, conferindo segurança à paciente.
A contração capsular, que estatisticamente
ocorre em torno de 4% a 6 % de todas as mulheres que receberam
um implante de silicone, pode acontecer, teoricamente, em qualquer
fase do período pós-operatório. É
uma característica própria da paciente esse desenvolvimento
da cápsula, não tendo o cirurgião nenhuma
maneira de evitá-la intra, trans ou pós-operatoriamente.
Da mesma forma, não há nenhum exame laboratorial,
radiológico ou qualquer outra propedêutica pré-operatória
que possa prever quem estará dentro destes 4%.
Thomas Backer, cirurgião plástico
norte-americano, classificou os encapsulamentos em 4 graus: GI-
mamas de aspecto normal, ligeiramente endurecidas à palpação;
GII- mamas com aspecto normal, endurecidas à palpação;
GIII- mamas com alteração estética na forma
em virtude da contração capsular; GIV- mamas com
alteração na forma e palpação dolorosa.
Observamos uma maior precocidade da contração capsular
naquelas pacientes em que a contração será
mais severa e , teremos que optar pela troca das próteses,
por vezes, mudando a loja das inclusões (de abaixo da fascia
mamária para abaixo do músculo peitoral, por exemplo).
Esta troca não garante que um novo encapsulamento ocorra.
Nestes casos, se houver a recorrência da contração
capsular, a paciente opta ou em conviver com este encapsulamento,
que nos graus I e II de Backer são perfeitamente compatíveis
com a estética das mamas, ou opta por voltar a sua condição
inicial com a retirada das próteses. Felizmente estes casos
são raros, mas nossa consciência obriga-nos a discorrer
sobre estas situações particulares, em respeito
às nossas pacientes. É comum a paciente apresentar
graus diferentes de contração capsular nas suas
respectivas mamas. Por vezes, um lado tem evolução
completamente normal e, o outro lado desenvolve uma contração
capsular de grau variado de Backer. São situações
raras entretanto, toda a mulher candidata à inclusão
mamária deve ter em conta que existe uma pequena, mas real
possibilidade de um dia ter que retirar suas próteses mamárias
ou ter que trocá-las.
Em contrapartida, 96% das pacientes não
apresentam contração capsular, permanecendo com
um aspecto normal e natural, tanto visual quanto palpatoriamente.
A propedêutica radiológica e ultrasonográfica
deve continuar a ser a habitual, tendo a paciente que se submeter
aos mesmos exames mastológicos que uma paciente sem próteses,
sempre sob a orientação de um gineco-mastologista,
como qualquer outra mulher. Não existe necessidade de periodicidade
na troca das próteses mamárias. O mais importante
é o seguimento regular e constante com exames propedêuticos
das mamas (ultra-som e mamografia), como todas as mulheres, e
habituar-se ao auto-exame das mamas. Há uma recomendação,
embora discutível, da possibilidade de troca dos implantes
quando esses excederem 15 anos de cirurgia. A Sociedade Brasileira
de Cirurgia Plástica não tem posição
oficial sobre esse tema e, o mais importante a ser considerado
é que a paciente continue a realizar a propedêutica
mamária habitual.
A presença das próteses não induz a qualquer
patologia mamária ou sistêmica, porém também
não as previne! Portanto, todas as mulheres - com ou sem
próteses - devem fazer consultas regulares aos seus gineco-mastologistas,
como forma de prevenção e acompanhamento para toda
a sua vida.
O médico tem a obrigação de utilizar de sua
máxima capacidade profissional, sua máxima perícia,
prudência e diligência, atuando dentro dos rigores
da ética médica, para sua satisfação,
mas sem jamais prometer resultado.
21) DOENÇA DO SILICONE E LINFOMA DE CÉLULAS ANAPLÁSICAS: O QUE DIZ A CIÊNCIA?
Nos últimos anos, diversos grupos e organizações de pacientes nas redes sociais têm se mobilizado para dar voz ao relato de inúmeras mulheres que têm autorreportado uma série de sintomas que surgem após a reconstrução ou aumento mamário com implantes de silicone. Esses sintomas incluem, por exemplo, fadiga, dores nas articulações e nos músculos, perda de cabelo ou mesmo alterações de peso, sintomas que estas mulheres referem surgir como resultado do uso de implantes mamários.
O termo utilizado entre o público leigo para se referir a esse conjunto de sintomas, sistêmicos e inespecíficos, é “Breast Implant Illness”, livremente traduzido como doença do silicone. Embora algumas mulheres relatem nas redes sociais e estudos reportem melhora ou resolução destes sintomas após o explante, a causa destes sintomas e o grau em que podem estar relacionados aos implantes ainda não estão claros para a ciência.
“Esse grupo de mulheres começou a levantar questionamentos para os quais ainda não temos respostas. O que temos é um grupo de pacientes que afirma ter sintomas inespecíficos e que, para melhorá-los ou evitá-los no futuro, buscam o explante mamário”, afirma a Regente do Capítulo de Biomateriais e Próteses da SBCP da Sociedade Brasileira e Cirurgia Plástica (SBCP), Dra. Anne Groth. Poucos dispositivos médicos foram tão estudados ao longo das últimas décadas como o implante de silicone e, até o presente momento, há evidência científica que ampara a utilização deles com segurança. “Ao mesmo tempo, os sintomas relatados pelas pacientes precisam ser considerados com a maior seriedade e respeito e estudos neste tema são muito importantes e já estão a caminho”, observa a médica.
Atualmente, a FDA afirma que o BII não é reconhecido como diagnóstico médico formal e não há testes específicos ou critérios reconhecidos para sua definição. Entidades que representam a cirurgia plástica no mundo, como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), adotam a mesma postura e enfatizam que, até o momento, não há evidências científicas definitivas que sustentem a ligação entre implantes mamários e a chamada doença do silicone. Em um documento divulgado em agosto de 2020, a Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) chamou a atenção para o fato de que a comunicação nas redes sociais pode ser a responsável pelo rápido aumento nos relatos das pacientes e que há muitos fatores que podem afetar a interação entre uma paciente e seus implantes mamários.
“As pacientes se autodiagnosticam com doença do silicone e não levam em consideração que os sintomas podem ser multifatoriais ou ainda relacionados a outras doenças como as reumáticas ou autoimunes”, observa o Dr. Ricardo Miranda. A Síndrome ASIA, explica ele, é uma abreviação do inglês de “síndrome autoimune induzida por adjuvantes”, podendo o silicone das próteses mamárias atuar como adjuvante.
E, embora alguns sintomas da Síndrome ASIA sejam relatados no BII, é preciso notar que a Síndrome ASIA é uma doença reconhecida e apresenta critérios maiores e menores para seu diagnóstico. “A BII não é uma doença reconhecida pela classe médica e não apresenta critérios definidos para diagnóstico. É preciso acolher as pacientes que procuram o explante, mas sempre à luz da ciência. A relação da prótese de mama e ASIA ou doenças reumáticas ainda é inconclusivo”, diz.
Algumas perguntas importantes, observa o cirurgião plástico, seguem ainda sem resposta da ciência. A prótese de mama íntegra pode ser um adjuvante na Síndrome ASIA? Seria a BII uma doença de fato e qual sua etiologia? Como saber que o silicone das próteses de mama é o adjuvante e não outras substâncias que a paciente foi exposta? Outra questão importante é se toda paciente que solicita a retirada da prótese mamária deve ser submetida a um explante em bloco. “Precisamos entender melhor a relação da prótese de mama e sintomas sistêmicos, estudar a etiologia, encontrar um método diagnóstico, além de critérios clínicos, e estabelecer em quais pacientes o explante em bloco pode ser benéfico”, esclarece o Dr. Ricardo.
UMA REALIDADE NOS CONSULTÓRIOS
No Brasil ainda não existe um número oficial sobre o total de explantes, mas esse aumento já é uma realidade na rotina dos consultórios. O Dr. Gustavo Stocchero, de São Paulo, conta que houve um aumento de mais de 300% na procura pelo explante no seu consultório em 2020. Mas, pondera, o número só é alto quando comparado com a procura em relação a 2019. “Em 2019, eu devo ter feito uns dois explantes e, ano passado, foram cerca de 12. Tem muita paciente procurando e, sem dúvida, a mudança é expressiva”, observa.
Outro cirurgião plástico que viu essa procura aumentar foi o Dr. Wendell Uguetto, também de São Paulo. Ele relata que nunca fez tantos explantes mamários como em 2020. “Tivemos uma moda de mamas grandes há 10 anos. Mas agora é o contrário. Essa mudança fez com que muitas pacientes procurassem pelo procedimento”, avalia. O Dr. Ricardo Votto, de Santa Catarina, notou esse crescimento há mais ou menos um ano e afirma que está cada vez mais frequente.
“A maioria das pacientes que recebo colocaram implantes de silicone há 10 ou 15 anos e contam que, hoje, em outro momento da vida, as próteses não fazem mais sentido no cotidiano delas.” Em seu consultório, no Recife, o Dr. Thiago Morais notou esse aparecimento” de mulheres atrás do explante no último ano. “O explante é uma situação real no Brasil e no mundo e irá aumentar. O cirurgião plástico tem que olhar para esse cenário com um olhar humano e a mensagem é não negligenciar as queixas das pacientes, mas amparar e acompanhar”, pontua. Na rotina do Dr. Guilherme Graziosi, do Rio de Janeiro, também houve esse aumento. O perfil destas pacientes que chegam até ele é de mulheres com idade entre 20 a 40 anos. “Tive dois casos de explante. Uma delas veio com o diagnóstico de síndrome de ASIA, confirmado por um reumatologista. A outra paciente veio por conta própria por apresentar sintomas frustros e “linkando” estes sintomas ao uso do silicone.
Ambas relataram melhoras de alguns sintomas após os explantes, mas não temos como correlacionar o explante a estas melhoras.”
CIÊNCIA EM BUSCA DE RESPOSTAS
Pesquisadores, cirurgiões plásticos e as principais sociedades de cirurgia plástica e autoridades de saúde pelo mundo estão mobilizados para entender melhor a doença do silicone e Síndrome ASIA. Algumas revisões recentes investigando o BII e a segurança dos implantes mamários começam a lançar alguma luz sobre o tema.
Lá fora, um dos focos da força-tarefa com diferentes pesquisadores da Fundação de Educação e Pesquisa em Cirurgia Estética (ASERF), braço de pesquisa da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), é entender a relação entre os sintomas e os implantes mamários. “Mais estudos são necessários para determinar o melhor método de triagem de pacientes antes da cirurgia de implante mamário e para determinar quais pacientes, se desenvolverem BII posteriormente, têm probabilidade de melhorar com a remoção do implante”, observou a ASPS em documento do ano passado.
Para melhorar, mas não substituir a discussão médico-paciente sobre os benefícios e riscos dos implantes mamários, que pertencem exclusivamente a pacientes individuais, a FDA emitiu, no ano passado, uma orientação final para a rotulagem de implantes mamários e deter minou que as caixas devem conter três informações aos pacientes: que os implantes não são vitalícios, que os implantes texturizados estão associados ao BIA-ALCL e que os pacientes devem ser informados de que há relatos de pacientes com implantes que têm reportado uma série de sintomas sistêmicos. “O que falta é fazer esse link do implante mamário com todo esse conjunto de sintomas. Talvez existam algumas pacientes que, por alguma questão imunológica, estejam predispostas a desenvolver algum sintoma adverso”, afirma a Dra. Anne.
A cirurgiã plástica cita um estudo canadense, que avaliou 100 pacientes submetidas à explante, para mostrar que a questão do BII ainda segue uma pergunta em aberto para a ciência. Elas foram divididas em três grupos de acordo com a melhora dos sintomas. No grupo 1, houve melhora em 80% dos sintomas físicos, enquanto, no grupo 2, houve melhora dos sintomas por um período e retorno dos sintomas após 6-12 meses. Já no terceiro grupo não houve melhora dos sintomas físicos após o explante.
“Os dados apontam que algumas pacientes melhoram, outras não e outras melhoram transitoriamente. A grande questão que precisamos responder é se o implante de silicone está, de fato, causando sintomas nocivos e como podemos determinar quem são as pacientes mais suscetíveis a desenvolver estes sintomas sistêmicos”, avalia.
No Brasil, a SBCP, por meio do Capítulo de Implantes e Biomateriais, deu início este ano a um estudo lidera do pelo Dr. Denis Valente, de Porto Alegre, que unirá cirurgiões plásticos que fazem explantes para obter dados nacionais sobre o tema. O Dr. Ricardo Miranda, membro da entidade, publicou recentemente na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (RBCP) um estudo no qual avaliou o explante em bloco de prótese mamária de silicone na qualidade de vida e evolução dos sintomas da síndrome ASIA. Foram analisadas15 pacientes com síndrome ASIA e submetidas à explante da prótese de mama e reconstrução com mastopexia. Durante o acompanhamento de 12 meses, elas foram avaliadas quanto à evolução dos sintomas. Os sintomas mais comuns, como mialgia, artralgia, fadiga crônica, pele e cabelos secos, tiveram melhora em mais de 80% das pacientes operadas ao final de 12 meses de acompanhamento.
O estudo concluiu que o explante de prótese de mama em pacientes com a Síndrome ASIA “parece estar associado” à melhora da qualidade de vida e diminuição dos sintomas relacionados à síndrome e que “são necessários outros estudos”, com uma amostra maior e análise estatística, para investigar a correlação causal entre explante de prótese de mama com a melhora da qualidade de vida e diminuição dos sintomas.
EDUCAÇÃO DA PACIENTE
Uma pesquisa conduzida pelo Dr. Ricardo Votto, entre setembro e outubro de 2020, trouxe à tona outros detalhes sobre o explante: cerca de 25% dos médicos tiveram pacientes que solicitaram o reimplante nas mamas após o explante, a despeito dos sintomas, por não aceitarem sua imagem sem eles. O dado foi extraído a partir de um questionário enviado por ele para aproximadamente 200 colegas de especialidades, como reumatologistas, cirurgiões plásticos e mastologistas, que responderam sobre suas realidades em consultório. Outro dado aponta que a maioria das mulheres que procuram pelo explante são motivadas pelas redes sociais e pelo medo de vir a ter a condição, e não tanto por apresentar os sintomas relacionados ao BII.
Os resultados finais serão submetidos para publicação na RBCP. Ainda que perguntas importantes estejam sem respostas, o papel do médico neste debate é educar a paciente tendo a ciência e as práticas éticas ao seu lado. “Se a paciente tem uma prótese submuscular ou se não tem nenhuma doença, mas tem uma vontade maior de tirar a cápsula, vou explicar para ela que, se eu tiver problema na cirurgia, não vou tirar. A paciente não pode exigir isso do médico e ele só deve fazer se existe uma doença”, opina a Dra. Ruth Graf, do Paraná. “Este é o momento em que podemos fazer a diferença como médicos, expondo o que existe de ciência até o momento sobre BII, que é muito pouco, e as orientando sobre as melhores opções para cada caso”, reforça a Dra. Anne.
O norte-americano Bradley Calobrace, cirurgião plástico que é uma das maiores autoridades no mundo em cirurgia de mama, disse por e-mail em resposta a esta pergunta: “Este não é um momento para operar com base em evidências anedóticas ou palpites. É importante seguir as orientações da medicina baseada em evidências mesmo quando as informações disponíveis são limitadas”.
Para o presidente da SBCP, Dr. Dênis Calazans, é preciso auxiliar as pacientes a compreender que os estudos têm sido realizados para estabelecer ou não a relação entre BII e implantes mamários e que estes dados não são obtidos na velocidade das redes sociais. É importante ouvir e acolher as queixas das pacientes e apresentar as opções seguras e éticas, baseadas em evidências científicas, para pacientes que desejam explantes por BII. Nós, cirurgiões plásticos, não podemos vender soluções mágicas e desprovidas de ciência”, diz.
Fonte: Revista Plastiko’s – Edição 226.
http://www2.cirurgiaplastica.org.br/blog/2021/04/26/explante-mamario-e-a-ciencia/
Sociedades Médicas se unem para esclarecer os mitos sobre a Síndrome ASIA
São Paulo, março de 2021
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) lançam a ‘Campanha Mitos e Verdades’ que visa promover ambiente seguro para pacientes buscarem informações corretas sobre a síndrome. Sociedades também irão realizar uma live no dia 24/3 para tirar dúvidas da população a respeito do assunto.
Com o objetivo de esclarecer a população sobre as reais questões envolvem os implantes de silicone, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) lançam a campanha Mitos e Verdades. A iniciativa possibilita o acesso a informações seguras sobre a Doença do Silicone, assim denominada nas redes sociais e sobre a Síndrome ASIA e suas manifestações. No último ano, pesquisas no site Google sobre essas doenças cresceram 350%. Relacionadas a elas, buscas sobre explante de silicone apresentaram aumento de 170%. Por ser relativamente nova, a ASIA e a chamada Doença do Silicone tem sido objeto de inúmeras fake news que tem alarmado e gerado excessiva ansiedade e, muitas vezes, busca por procedimentos cirúrgicos como medida preventiva, baseado em fatos sem qualquer fonte científica. A campanha da SBCP está disponível no hotsite www.doencadosilicone.org.br e nas redes sociais das instituições.
“Importante registrar que Doença do silicone e síndrome ASIA não são a mesma coisa. A Doença do silicone é um termo atribuído pelas próprias pacientes para descrever um conjunto de sintomas que elas atribuem ao uso do implante, também conhecido no inglês por Breast Implant Illness (BIIs). Dentre os sintomas estão fadiga, depressão, mal funcionamento intestinal, dores articulares etc. Por se tratar de um quadro recém descrito, essa associação entre o silicone e o desenvolvimento de sintomas que simulam doenças imunológicas ainda está em estudo para averiguar a relação causal e a OMS (Organização Mundial de Saúde) ainda não reconhece esse termo como uma doença real. Além desse fato, não foram identificados ainda exames que comprovem a afecção, dificultando a diferenciação entre ela e sintomas habituais decorrentes do estresse, por exemplo. Apesar de ser usado, muitas vezes, para englobar a Síndrome ASIA, são quadros distintos e na BII não conseguimos caracterizar uma doença imunológica propriamente dita”, explica a Dra. Marcela Cammarota, diretora de Comunicação da SBCP.
A síndrome
A Síndrome de ASIA (síndrome autoimune-inflamatória induzida por adjuvante) foi descrita em 2011 por Yehuda Schoenfeld e consiste em desenvolvimento de doenças autoimunes em indivíduos geneticamente predispostos como resultado de exposição a adjuvantes (substâncias estranhas ao organismo que provocam reação imunológica). Essas substâncias já foram descritas há alguns anos e algumas delas são: fragmentos infecciosos, hormônios, alumínio e recentemente vem se destacando o escaleno, óleo obtido de tecido de tubarão e usado nas vacinas anti-influenza disponíveis no país.
Apesar de ser uma condição muito rara, o silicone tem sido considerado uma dessas substâncias, podendo desencadear reação imunológica e manifestações semelhantes à de algumas doenças reumáticas, sendo os sintomas mais comuns relacionados a fadiga crônica, dores articulares e musculares, boca e olho seco e algumas manifestações neurológicas. A presença de autoanticorpos contra o silicone e alguns HLA específicos, responsáveis por apresentar os antígenos ao sistema imune, podem indicar o desenvolvimento da doença.
Apesar de serem condições extremamente raras em pacientes que realizaram procedimentos de implante mamário, a campanha visa proporcionar um ambiente seguro para troca de informações e combate às notícias falsas. “A Campanha Mitos e Verdades visa esclarecer todas as dúvidas baseadas em evidências científicas e pesquisas médicas realizadas nos últimos anos”, explica o Dr. Dênis Calazans, presidente da SBCP. A ação baseia-se em linguagem simples e direta para melhor apreensão do conteúdo que mescla cards e vídeos informativos com especialistas das áreas de cirurgia plástica e reumatologia. De maneira viva e interativa, a campanha apresenta conteúdos sobre sintomas, diagnósticos e tratamentos para a síndrome. A campanha traz vídeos de especialistas sobre a doença e um e-book didático para ser compartilhado.
Ficha técnica da Campanha
Campanha Mitos e Verdades
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), atenta à movimentação de autoridades sanitárias francesas no tocante a restrição de determinados implantes mamários, cujas evidências científicas ainda em fase investigativa e não conclusivas, relaciona a linfoma anaplásico de grandes células (BIA-ALCL); se manifesta com responsabilidade institucional e científica, voltada a segurança de pacientes, com o que segue:
Por SBCP
Agence Nationale de Sécurité du Médicament et des Produits de Santé (ANSM), agência regulatória francesa, emitiu uma decisão final sobre a disponibilidade de alguns implantes mamários texturizados e poliuretano na França;
A decisão da ANSM restringe a colocação no mercado, distribuição, publicidade e uso de alguns implantes mamários de silicone texturizados e de poliuretano na França. A decisão é válida a partir de 05 de abril de 2019;
É importante destacar que a incidência da referida doença ALCL é extremamente baixa. Não existe qualquer relação entre o uso de implantes de silicone e o câncer de mama (carcinoma mamário, tumor mais frequente em mulheres);
A SBCP ressalta que esta decisão não é baseada em fatos ou novas evidências científicas encontradas até o presente momento. Especificamente, a decisão é de exclusiva responsabilidade da ANSM francesa; a Comunidade Internacional da Cirurgia Plástica, através de outras autoridades regulatórias não ratifica esta decisão; incluindo o Grupo de Trabalho da Comissão Europeia, que foi estabelecido para examinar o benefício / risco relativo dos implantes mamários texturizados. Esta Força-tarefa conduziu uma análise ampla da classe de implantes mamários texturizados e encontrou “evidências científicas insuficientes para limitar o uso de implantes mamários texturizados, uma vez que proporcionam resultados clínicos e psicológicos positivos para os pacientes”
Os critérios de biossegurança e tecnovigilância dos implantes mamários utilizados no Brasil, nos fazem um dos países de grande respeitabilidade perante a comunidade científica mundial;
A SBCP mantém uma Comissão (permanente) de Silicone, cujas atribuições passam pelo contínuo estudo científico e constante troca de informações com a comunidade médica internacional para aprimoramento e manutenção da segurança no uso destes dispositivos na Cirurgia Plástica;
No Brasil, a notificação e relato oficial de casos de ALCL associados a implantes mamários são em torno de uma dezena. Não obstante, a SBCP tem mantido o alerta de vigilância junto a seus mais de 6500 médicos associados, para rastreamento e monitoramento de pacientes.
São Paulo, 06 de abril de 2019.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA
http://www2.cirurgiaplastica.org.br/2019/04/08/nota-de-esclarecimento-3/
|