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CIRURGIA PLÁSTICA

GLUTEOPLASTIA - Inclusão de próteses de silicone e lipoenxertia na região glútea.

Você estará prestando inestimável colaboração a você mesma lendo com atenção as observações que faremos às inevitáveis perguntas que todas as candidatas a cirurgia de gluteoplastia costumam fazer ao seu cirurgião plástico. Existem informações errôneas quanto a essa cirurgia geradas pela mídia leiga, que nem sempre correspondem à realidade dos fatos, interpretanto mal ou de maneira incompleta as informações dadas por médicos comprovadamente capacitados.
A gluteoplastia consiste em diversas táticas e técnicas que remodelam a forma e o tamanho das nádegas, por meio da inclusão de prótese de silicone coeso e/ou da enxertia de gordura autógena (lipoescultura).
No atual momento da Cirurgia Plástica NAÕ É RECOMENDÁVEL a utilização de implantes injetáveis de polímeros de silicone e outros aloplásticos como o PMMA (polimetilmetacrilato) tão exaustivamente veiculados na imprensa leiga, uma vez que tal procedimento ainda necessita de comprovação técnico-científica, e não está aprovado pelos órgãos competentes que regulamentam a Medicina no Brasil, como a ANVISA, Conselho Federal de Medicina e Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica- SBCP.

01)
·   P: A CIRURGIA DE GLUTEOPLASTIA DEIXA CICATRIZES?
R: Felizmente, esta cirurgia permite-nos colocar as cicatrizes em região bastante disfarçada, o que é muito conveniente nos primeiros meses. Para melhor esclarecê-la sobre a evolução cicatricial, vamos relatar os diversos períodos pelos quais as cicatrizes infalivelmente passarão:

               a)- PERÍODO IMEDIATO: Vai até o 30ºdia e apresenta-se com aspecto pouco visível. Alguns casos apresentam discreta reação aos pontos ou ao curativo, ou encrostamento, fato perfeitamente normal e transitório.
               b)- PERÍODO MEDIATO: Vai do 30º dia até o 12º mês. Neste período há o espessamento
natural da cicatriz, bem como inicia-se uma mudança de cor da mesma, passando para mais escuro (do vermelho para o marrom) que vai, aos poucos, clareando. Este período, o menos favorável da evolução cicatricial, é o que mais preocupa as pacientes. Como não podemos apressar o processo natural da cicatrização, recomendamos às pacientes que não se preocupem pois, o período tardio se encarregará de diminuir os vestígios cicatriciais.
               c)- PERÍODO TARDIO:Vai do 12º ao 18º mês. Neste período, a cicatriz começa a tornar-se
mais clara e menos consistente, atingindo, assim, o seu aspecto definitivo. Qualquer avaliação  do resultado definitivo da cirurgia, no tocante à cicatriz, deverá ser feita após este período.

02)
·  P: ONDE SE LOCALIZAM AS CICATRIZES? QUAL É A POSIÇÃO ANATÔMICA DAS PRÓTESES?
·   R: A localização das cicatrizes dependerá de cada caso em particular, da sua conveniência, do seu desejo e da possibilidade anatômica. Considera-se, atualmente, como o melhor sítio anatômico para a posição das próteses, o espaço inter-glúteo, dentro da prega anatômica natural que separa as duas nádegas, numa extensão aproximada de 7 cm, estendendo-se dentro dos limites da região sacro-coccígea.
     Desde as primeiras semanas de pós-operatório poderá ser usado traje de banho ou calcinhas diminutas pois, as cicatrizes ficam bastante disfarçadas. Com o decorrer do tempo (vide item anterior), as cicatrizes vão melhorando, chegando mesmo à quase imperceptibilidade, em certos casos. Entretanto, você deve considerar que não há possibilidade na Medicina atual de não se deixar nenhuma cicatriz, ou mesmo apagá-la. Sempre que existe uma solução de continuidade na pele ou outros tecidos, a natureza responde com o processo cicatricial. Portanto, você deve considerar como uma relação de troca: a inclusão da prótese por uma cicatriz. Nós teremos todo empenho com técnica cirúrgica e utilização de fios de sutura adequados para minimizar ao máximo a reação tecidual, e assim possibilitar a cicatrização com evolução normal. É importante esclarecer que, na realidade, uma boa cicatrização depende mais dos fatores intrínsecos dos pacientes do que propriamente a técnica cirúrgica empregada.
            As próteses podem, classicamente, estar localizadas em três diferentes sítios: 1) posição subcutânea - atrás da gordura da pele e acima da fáscia glútea; 2) posiçaõ retro-fascial - atrás da fascia glútea e acima do músculo glúteo máximo e, 3) posição intra-glútea – dentro das fibras do músculo glúteo máximo, como um "sanduiche". Nós lhe indicaremos a conveniência de cada uma delas. Nossa opção de escolha, na rotina, recai sobre a posição intra-glútea, pois oferece todas as vantagens das duas outras posições anatômicas mencionadas, em termos de projeção anatômica, proteção biomecânica e revestimento tecidual autógeno da prótese .

Gluteoplastia com a utilização de prótese de silicone Quartzo (Silimed, Brasil)

03)
·   P: OUVI DIZER QUE ALGUMAS PACIENTES FICAM COM CICATRIZES MUITO VISÍVEIS.
·   R: Certas pacientes apresentam tendência à cicatrização hipertrófica ou ao quelóide. Essa tendência, entretanto, poderá ser prevista, até certo ponto, durante a consulta inicial, quando lhe fazemos uma série de perguntas sobre sua vida clínica e cirúrgica  pregressa, bem como a análise das características familiares, que muito nos ajudam quanto ao prognóstico das cicatrizes. Geralmente, pessoas de pele clara  tendem menos a esta complicação cicatricial; pessoas de pele morena ou orientais têm maior predisposição ao quelóide ou à cicatriz hipertrófica. Isto, entretanto, não é uma regra absoluta. A análise dos antecedentes, como já o dissemos, nos facilitará o prognóstico cicatricial. Não existe na Medicina atual nenhuma forma (exames laboratoriais, provas clínicas, exames propedêuticos, etc) de se prever o comportamento cicatricial de um determinado paciente, devendo o paciente entender que a melhor conduta é o seguimento diligente pós-operatório com seu cirurgião.
    
04)
·  P: EXISTE CORREÇÃO PARA AS CICATRIZES HIPERTRÓFICAS?
·   R: Vários recursos clínicos e cirúrgicos nos permitem melhorar cicatrizes inestéticas, na época adequada (pelo menos 6 meses devem se passar antes de se optar por um retoque para correção de cicatrizes). Não se deve confundir, entretanto, com as características do  período mediatoda cicatrização. Qualquer dúvida a respeito da sua evolução cicatricial deverá ser esclarecida conosco e nunca com terceiros que, como você, “também estão apreensivos quanto ao resultado final”.
     Basicamente existe a necessidade de uma plástica na cicatriz, geralmente com anestesia local, com sua ressecção e nova síntese (sutura). Terapêuticas complementares são utilizadas tais como a infiltração de corticoesteróides locais, beta-terapia, compressão local, fitas adesivas de corticóide, lâminas tópicas de silicone etc. Nós estaremos, com você, empenhados neste seguimento pós-operatório!

05)
·    P: COMO FICARÃO MINHAS NOVAS NÁDEGAS, EM RELAÇÃO AO TAMANHO E CONSISTÊNCIA?
·   R: As nádegas podem ter seu volume aumentado através da cirurgia. Além disso, almejamos melhorar sua consistência e forma com a intervenção cirúrgica. Assim é que, neste caso, pode-se escolher o novo volume, pois dispomos de vários tamanhos de peças de silicone a serem introduzidas. Existe uma proporção entre o volume ideal das nádegas, cintura, altura, peso e o tamanho do tórax, características estas que devem ser consideradas no planejamento da cirurgia, a fim de se obter maior harmonia estética. As nádegas assim operadas, passarão por vários períodos evolutivos:
       a)-PERÍODO IMEDIATO: Vai até o 30º dia. Neste Período, apesar das nádegas se apresentarem
         com aspecto bastante melhorado, sua forma e volume ainda estão aquém do resultado planejado.
         Lembre-se desta observação:  //NENHUMA NÁDEGA SERÁ “PERFEITA” NO PÓS-OPERATÓRIO
         IMEDIATO//. Será habitual a presença de equimoses, inchaços e edemas que poderão afetar
         transitoriamente a simetria e volume das nádegas.
b)- PERÍODO MEDIATO: Vai do 30º dia até o 3º mês - Neste período, as nádegas começam
         a apresentar uma evolução que tende à forma definitiva. São características deste período um maior
           ou menor grau de “inchaço”; além disso, o aspecto cicatricial encontra-se em plena fase de
          transição (ver item 1º). Apesar da euforia da maioria das pacientes, já neste período, costumamos
          dizer às mesmas que seu resultado ficará melhor ainda, pois, isto será a característica do período
          tardio.
        c)- PERÍODO TARDIO:Vai do 3º mês até o 12º.  É o período em que a cirurgia atinge seu
          aspecto definitivo ( cicatriz, forma, consistência, volume, sensibilidade, etc.).
          É neste período que costumamos fotografar os casos operados, a fim de compará-los com o aspecto
          pré-operatório de cada paciente. Tem grande importância no resultado final, o grau de elasticidade
          da pele das pacientes, bem como o volume da prótese introduzida. O equilíbrio entre ambos varia de
          caso para caso.

Gluteoplastia com enxerto de gordura autógena ("lipoescultura")

06)
·   P: EM QUANTO TEMPO ATINGIREI O RESULTADO DEFINITIVO?
·   R: Apesar do resultado imediato ser muito bom, somente na fase mencionada como “período tardio” (vide item anterior) é que as nádegas atingirão sua forma definitiva.
    
07)
·   P: QUAL O TIPO DE BIQUINE QUE PODEREI USAR, APÓS A CIRURGIA?
·   R: No período imediato, mediato ou tardio, qualquer tipo de biquine, desde que a peça inferior não fique muito justa. É claro que, após o amadurecimento das cicatrizes, os biquines poderão ser mais “generosos” ao seu critério. Você têm que estar ciente que não é adequado tomar sol de bronzeamento antes de, pelo menos, 40 dias após a cirurgia. Sol direto na cicatriz  (“botton less”) somente após o 6º mês pós-operatório, com filtro solar adequado para o seu tipo de pele.

08)
·    P: NO CASO DE NOVA GRAVIDEZ, O RESULTADO PERMANECERÁ OU FICARÁ PREJUDICADO?
·   R: Quanto ao resultado, poderá ser preservado, desde que você controle seu aumento de peso na nova gestação. Entretanto, poderá haver perda do resultado em virtude da perda da elasticidade da pele, comum na gravidez e amamentação, ou se você engordar muito. Quanto ao curso normal da gravidez, esse não será afetado de forma alguma pelos implantes, nem serão afetadas as vias de acesso ao parto normal e ao parto cesárea.
                
09)
· P: O PÓS-OPERATÓRIO DESTA CIRÚRGICA É DOLOROSO?
·   R: Geralmente não, desde que você obedeça às instruções médicas, principalmente no que tange à movimentação das pernas e dos glúteos, nos primeiros dias. Eventualmente poderá ocorrer manifestação dolorosa, que cederá com os analgésicos receitados. Dor é, além de tudo, um fenômeno individual, que está muito associado ao estado de ânimo do paciente. Geralmente analgesia comum e repouso por 72hs são suficientes. Se houver muita dor, comunique-se com a equipe médica. Nós estaremos integralmente à sua  disposição.
     Pode haver, embora raramente, tanto um aumento da sensibilidade local, quanto uma diminuição da mesma, por um período variável, que geralmente não ultrapassa o 3º mês.

  • FICAREI MUITO ROXA?

     A equimose (roxo) também é muito variável, e sua intensidade depende da fragilidade capilar das pacientes, trauma local, diluição da solução anestésica, porte da cirurgia, cor e flacidez da pele etc. Em média, a equimose pode durar de 7 a 14 dias, do roxo intenso ao amarelado claro, passando do verde azulado ao ocre amarronzado. Não confundir nunca equimose com hematoma (coleção de sangue em um espaço ou cavidade).    

    

 

 

10)
·   P: HÁ PERIGO NESTA OPERAÇÃO?
·   R: Como qualquer outro procedimento cirúrgico da Medicina. Raramente a cirurgia plástica de gluteoplastia determina sérias complicações. Isto se deve ao fato de se preparar adequadamente cada paciente, além de ponderarmos sobre a conveniência ou não da utilização das próteses de silicone, assim como sobre suas eventuais complicações. Em  nossas “Considerações e Reflexões sobre a Arte Médica e a Cirurgia Plástica”, nós tecemos, à luz da moderna Medicina, o quadro real da Cirurgia Plástica. Se você ainda tem alguma dúvida, releia o documento e fale conosco. Sua certeza absoluta  de se submeter ao procedimento nos é muito importante. E fundamental para sua consciência.
     O mais importante fator para se lidar com uma complicação ou intercorrência é a confiança na equipe médica. Somente ela está capacitada para resolver problemas em situações críticas, tendo sido exaustivamente treinada para isso. A interferência de leigos é quase sempre prejudicial ao paciente. A escolha refletida do médico e hospital, são fundamentais para essa sensação de confiança, que só benefícios trazem para o bom andamento dos casos, seja na Medicina em geral ou na Cirurgia Plástica em particular. 

11)
·  P: QUAL O TIPO DA ANESTESIA UTILIZADA?
·   R: Anestesia geral, peri-dural ou local com sedação assistida. Depende de cada caso e de associações com outros procedimentos. Nos casos em que a paciente optar em realizar concomitantemente a inclusão da prótese glútea e a lipoescultura (lipoaspiração seguida de lipoenxerta), a anestesia será preferencialmente geral com infiltração de solução anestésica loco-regional.

12)
·   P: QUANTO TEMPO DURA O ATO CIRÚRGICO?
·   R: Em média  120’ minutos, se necessário for. Na associação com a lipoescultura, mais 60 minutos poderão ser adicionados ao ato médico.

13)
·  P: QUAL O PERÍODO DE INTERNAÇÃO?
·      R: de 12 hs a 24 hs.

14)
·   P: SÃO UTILIZADOS CURATIVOS?
·   R: Sim. Curativos elásticos e modeladores, especialmente adaptados a cada tipo de nádega.  Você deve usar nos primeiros 30 dias após a cirurgia uma cinta modeladora especial que lhe será indicado por nossas enfermeiras.
15)
·   P: QUANDO SÃO RETIRADOS OS PONTOS?
·   R: Geralmente são utilizados pontos que são retirados  até o 7º  dia pós-operatório. Uma cola de metacrilato ou bandagem “micropore” são utilizados até o 30º dia, para protegerem a cicatriz.

16)
·   P: QUANDO PODEREI TOMAR BANHO COMPLETO?
·   R: Geralmente após 5 dias. Antes disso, entretanto, poderá ser tomado o banho quase normal, observando-se apenas os cuidados especiais que serão ensinados pela nossa enfermeira (não molhar os curativos).

17)
·   P: QUAL A EVOLUÇÃO PÓS-OPERATÓRlA?
·   R: Você não deve se esquecer que, até que se atinja o resultado almejado, as mamas passarão por diversas fases (vide itens 1 e 5). Se lhe ocorrer a preocupação no sentido de “desejar atingir o resultado definitivo antes do previsto”, não faça disto motivo de sofrimento: tenha a devida paciência, pois seu organismo se encarregará espontaneamente de dissipar todos os transtornos imediatos que, infalivelmente chamarão a atenção de alguma amiga que não se furtará à observação: - “SERÁ QUE ISTO VAI DESAPARECER MESMO?”. É evidente que toda e qualquer preocupação de sua parte deverá ser a nós transmitida; daremos os esclarecimentos necessários para sua tranqüilidade.

18)
·   P: QUANDO PODEREI RETORNAR A MINHA VIDA NORMAL?
·   R: Atividade física esportiva é liberada gradualmente após 40 dias, com exercícios progressivos. Uma caminhada leve e despreocupada de atividade física pode ser iniciada após a segunda semana. Dirigir automóvel somente após o 10º dia, com nossa autorização. Evitar esforços físicos que exijam a cintura pélvica e musculatura glútea. Você deverá dormir de bruços por mais ou menos 1 mês, sendo gradualmente liberado dormir de lado com as pernas fletidas (“gatinho”). Para dormir de costas somente após esse período, com nossa liberação. Você também deverá sentar-se com mais cuidado, sempre com a coluna ereta, evitando comprimir a loja dos implantes, por 1 mês. Almofadas especiais, que são encontradas em lojas ortopédicas e grandes farmácias, são uma boa ajuda neste tópico (nós teremos grande satisfação em indicá-las no momento propício).
     Todas as atividades de higiene pessoal e vestimentos estão liberadas desde o 1º dia tais como, escovar os dentes, pentear os cabelos, amarrar os sapatos, colocar vestidos, calças, digitar computadores, escrever etc.
     Você pode e deve pegar seus filhos pequenos, desde que não os apanhe do chão e os traga de encontro ao seu tórax. Peça para alguém entregá-los ao seu colo, de preferência você estando sentada.
     Sol de bronzeamento pode ser reiniciado após 40 dias, com nossa liberação, desde que com trajes de banho. Evite o sol forte neste período para não aumentar o edema pós-operatório. Nunca tomar sol se a equimose (roxo) estiver presente: você pode retardar em meses para ela sair! Sol diretamente na cicatriz após o 6º mês pós-operatório, com filtro solar adequado para sua pele.
     Você não deverá mais tomar injeções intra-musculares na região glútea, pela possibilidade da agulha acertar a prótese localizada abaixo do músculo glúteo máximo. Embora as próteses tenham sido concebidas para receberem esse trauma, devemos evitar essa possibilidade. Além disso, se a droga for inadvertidamente injetada dentro da prótese, ela não alcançará a corrente sanguínea, como habitualmente se dá na farmaco-dinâmica em condições normais, e portanto, não exercerá seu efeito terapêutico esperado. A droga ficará retida no espaço interno da prótese de silicone e não será absorvida. Seu farmacêutico ou médico de confiança lhe indicarão várias alternativas topográficas para a injeção intra-muscular tais como a região dos deltóides, a face lateral da coxa,  região dorsal etc.

19)
·   P: QUE VEM A SER A RETRAÇÃO DA CÁPSULA?
·   R: É uma retração exagerada da cápsula fibrosa que o seu organismo eventualmente forma em torno da prótese de silicone, determinando certo grau de endurecimento à região, quando palpada. Existe um percentual de mulheres e homens (em torno de 4% a 6%) que poderão estar sujeito à tal retração; entretanto, se isto ocorrer em grau acentuado, as próteses deverão ser retiradas, através das mesmas cicatrizes, em ato cirúrgico simples, sob anestesia local. A paciente então opta, ou por trocar sua prótese, ou por voltar a sua condição pré-operatória. Cirurgião e paciente, poderão ponderar sobre a conveniência ou não da reintrodução de próteses menores ou outra conduta que melhor se adapte ao caso, no mesmo ato ou em tempo posterior.
       A retração da cápsula nunca reflete imperícia do cirurgião mas sim, um comportamento anômalo do organismo das pacientes que a apresentam. De fato, a contração capsular é uma resposta do organismo à presença da prótese de silicone: nunca é uma rejeição! É um fenômeno de reação a um corpo estranho (prótese). A contração capsular, em si, não constitui nenhuma patologia ou necessidade preemente de retirada das inclusões. A mulher e o homem podem perfeitamente conviver com ela sem nenhum risco de lhe trazer qualquer enfermidade. Esta conclusão foi retirada de vários estudos multicêntricos realizados em todo o  mundo. Hoje existe total aprovação  para o uso da prótese de silicone por todos orgãos que regulamentam a atividade médica no país, como procedimento adequado e regulamentado, tais como o Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina, Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, Sociedade Brasileira de Mastologia, Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Não é e nunca foi um procedimento clandestino.
(Não se deve confundir a introdução de próteses de silicone coeso com a injeção de silicone líquido, que é um procedimento totalmente proibido e que não é realizado por profissionais médicos: trata-se de uma lesão corporal.)
     As próteses evoluiram muito tecnologicamente e sua manufatura é realizada com grande controle de qualidade. O silicone utilizado em seu interior é coeso, ou seja, não extravasa quando perfurado. Em situações críticas como um tiro (ferimento por arma de fogo), uma facada (ferimento por arma branca) ou um acidentente automobilístico (trauma fechado), se houver a ruptura do envólucro externo da prótese, existe a necessidade da troca da prótese, mas sem urgência. Ruptura espontânea é muito rara e, se ocorrer, a prótese também deverá ser trocada. A cápsula, que na realidade é uma membrana de colágeno que o próprio organismo sintetiza ao redor das próteses, atua como um barreira física para evitar uma eventual disseminação do silicone roto, conferindo segurança à paciente.

    A contração capsular, que estatísticamente ocorre em torno de  4% a 6 % de todos os indivíduos que receberam um implante de silicone, pode acontecer, teoricamente, em qualquer fase do período pós-operatório. É uma característica própria do paciente esse desenvolvimento da cápsula, não tendo o cirurgião nenhuma maneira de evitá-la pré, trans ou pós-operatoriamente. Da mesma forma, não há nenhum exame laboratorial, radiológico ou qualquer outra propedêutica pré-operatória que possa prever quem estará dentro destes 4%.
       Thomas Backer, cirurgião plástico norte-americano, classificou os encapsulamentos mamários em 4 graus: GI- mamas de aspecto normal, ligeiramente endurecidas à palpação; GII- mamas com aspecto normal, endurecidas à palpação; GIII- mamas com alteração estética na forma em virtude da contração capsular; GIV- mamas com alteração na forma e palpação dolorosa. No caso dos implantes glúteos não há ainda uma classificação específica, entretanto podemos, por analogia, considerar, mutatis mutantis, os mesmos graus de encapsulamento.
     Observamos uma maior precocidade da contração capsular naquelas pacientes em que a contração será mais severa e, teremos que optar pela troca das próteses, por vezes, mudando a loja das inclusões. Esta troca não garante que um novo encapsulamento ocorra. Nestes casos, se houver a recorrência da contração capsular, a paciente opta ou em conviver com este encapsulamento, que nos graus I e II de Backer são perfeitamente compatíveis com a estética das nádegas, ou opta por voltar a sua condição inicial, com a retirada das próteses. Felizmente estes casos são raros, mas nossa consciência obriga-nos a discorrer sobre estas situações particulares, em respeito às nossas pacientes. É comum a paciente apresentar graus diferentes de contração capsular nas suas respectivas nádegas. Por vezes, um lado tem evolução completamente normal e, o outro lado desenvolve uma contração capsular de grau variado de Backer. São situações raras, entretanto, toda a mulher e todo homem candidatos à inclusão de próteses devem ter em conta que existe uma pequena, mas real possibilidade de, um dia, terem que retirar suas próteses  ou terem que trocá-las.
     Em contrapartida, 96% dos pacientes não apresentam contração capsular, permanecendo com um aspecto normal e natural, tanto visual quanto palpatoriamente.
     Não existe necessidade de periodicidade na troca das próteses glúteas. O mais importante é o seguimento regular e constante  com exames propedêuticos habituais (ultra-som, tomografia, ressonância magnética), como todos os indivíduos, e habituar-se ao auto-exame  das diversas região topográficas do nosso corpo, tal qual as mulheres já os fazem na região das mamas. Há uma recomendação, embora discutível, da possibilidade de troca dos implantes quando esses excederem 15 anos de cirurgia. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica não tem posição oficial sobre esse tema e, o mais importante a ser considerado é que a paciente continue a realizar a propedêutica habitual.
     A presença das próteses não induz a qualquer patologia local ou sistêmica, porém também não as previne! Portanto, todos nós - com ou sem próteses - devemos fazer consultas regulares aos respectivos médicos de confiança, como forma de prevenção e acompanhamento para toda a sua vida.
      O médico tem a obrigação de utilizar de sua máxima capacidade profissional, sua máxima perícia, prudência e diligência, atuando dentro dos rigores da ética médica, para sua satisfação, mas sem jamais prometer  resultado.

20) DOENÇA DO SILICONE E LINFOMA DE CÉLULAS ANAPLÁSICAS: O QUE DIZ A CIÊNCIA?

Nos últimos anos, diversos grupos e organizações de pacientes nas redes sociais têm se mobilizado para dar voz ao relato de inúmeras mulheres que têm autorreportado uma série de sintomas que surgem após a reconstrução ou aumento mamário com implantes de silicone. Esses sintomas incluem, por exemplo, fadiga, dores nas articulações e nos músculos, perda de cabelo ou mesmo alterações de peso, sintomas que estas mulheres referem surgir como resultado do uso de implantes mamários.

O termo utilizado entre o público leigo para se referir a esse conjunto de sintomas, sistêmicos e inespecíficos, é “Breast Implant Illness”, livremente traduzido como doença do silicone. Embora algumas mulheres relatem nas redes sociais e estudos reportem melhora ou resolução destes sintomas após o explante, a causa destes sintomas e o grau em que podem estar relacionados aos implantes ainda não estão claros para a ciência.

“Esse grupo de mulheres começou a levantar questionamentos para os quais ainda não temos respostas. O que temos é um grupo de pacientes que afirma ter sintomas inespecíficos e que, para melhorá-los ou evitá-los no futuro, buscam o explante mamário”, afirma a Regente do Capítulo de Biomateriais e Próteses da SBCP da Sociedade Brasileira e Cirurgia Plástica (SBCP), Dra. Anne Groth. Poucos dispositivos médicos foram tão estudados ao longo das últimas décadas como o implante de silicone e, até o presente momento, há evidência científica que ampara a utilização deles com segurança. “Ao mesmo tempo, os sintomas relatados pelas pacientes precisam ser considerados com a maior seriedade e respeito e estudos neste tema são muito importantes e já estão a caminho”, observa a médica.

Atualmente, a FDA afirma que o BII não é reconhecido como diagnóstico médico formal e não há testes específicos ou critérios reconhecidos para sua definição. Entidades que representam a cirurgia plástica no mundo, como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), adotam a mesma postura e enfatizam que, até o momento, não há evidências científicas definitivas que sustentem a ligação entre implantes mamários e a chamada doença do silicone. Em um documento divulgado em agosto de 2020, a Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) chamou a atenção para o fato de que a comunicação nas redes sociais pode ser a responsável pelo rápido aumento nos relatos das pacientes e que há muitos fatores que podem afetar a interação entre uma paciente e seus implantes mamários.

“As pacientes se autodiagnosticam com doença do silicone e não levam em consideração que os sintomas podem ser multifatoriais ou ainda relacionados a outras doenças como as reumáticas ou autoimunes”, observa o Dr. Ricardo Miranda. A Síndrome ASIA, explica ele, é uma abreviação do inglês de “síndrome autoimune induzida por adjuvantes”, podendo o silicone das próteses mamárias atuar como adjuvante.

E, embora alguns sintomas da Síndrome ASIA sejam relatados no BII, é preciso notar que a Síndrome ASIA é uma doença reconhecida e apresenta critérios maiores e menores para seu diagnóstico. “A BII não é uma doença reconhecida pela classe médica e não apresenta critérios definidos para diagnóstico. É preciso acolher as pacientes que procuram o explante, mas sempre à luz da ciência. A relação da prótese de mama e ASIA ou doenças reumáticas ainda é inconclusivo”, diz.

Algumas perguntas importantes, observa o cirurgião plástico, seguem ainda sem resposta da ciência. A prótese de mama íntegra pode ser um adjuvante na Síndrome ASIA? Seria a BII uma doença de fato e qual sua etiologia? Como saber que o silicone das próteses de mama é o adjuvante e não outras substâncias que a paciente foi exposta? Outra questão importante é se toda paciente que solicita a retirada da prótese mamária deve ser submetida a um explante em bloco. “Precisamos entender melhor a relação da prótese de mama e sintomas sistêmicos, estudar a etiologia, encontrar um método diagnóstico, além de critérios clínicos, e estabelecer em qua is pacientes o explante em bloco pode ser benéfico”, esclarece o Dr. Ricardo.

UMA REALIDADE NOS CONSULTÓRIOS

No Brasil ainda não existe um número oficial sobre o total de explantes, mas esse aumento já é uma realidade na rotina dos consultórios. O Dr. Gustavo Stocchero, de São Paulo, conta que houve um aumento de mais de 300% na procura pelo explante no seu consultório em 2020. Mas, pondera, o número só é alto quando comparado com a procura em relação a 2019. “Em 2019, eu devo ter feito uns dois explantes e, ano passado, foram cerca de 12. Tem muita paciente procurando e, sem dúvida, a mudança é expressiva”, observa.

Outro cirurgião plástico que viu essa procura aumentar foi o Dr. Wendell Uguetto, também de São Paulo. Ele relata que nunca fez tantos explantes mamários como em 2020. “Tivemos uma moda de mamas grandes há 10 anos. Mas agora é o contrário. Essa mudança fez com que muitas pacientes procurassem pelo procedimento”, avalia. O Dr. Ricardo Votto, de Santa Catarina, notou esse crescimento há mais ou menos um ano e afirma que está cada vez mais frequente.

“A maioria das pacientes que recebo colocaram implantes de silicone há 10 ou 15 anos e contam que, hoje, em outro momento da vida, as próteses não fazem mais sentido no cotidiano delas.” Em seu consultório, no Recife, o Dr. Thiago Morais notou esse aparecimento” de mulheres atrás do explante no último ano. “O explante é uma situação real no Brasil e no mundo e irá aumentar. O cirurgião plástico tem que olhar para esse cenário com um olhar humano e a mensagem é não negligenciar as queixas das pacientes, mas amparar e acompanhar”, pontua. Na rotina do Dr. Guilherme Graziosi, do Rio de Janeiro, também houve esse aumento. O perfil destas pacientes que chegam até ele é de mulheres com idade entre 20 a 40 anos. “Tive dois casos de explante. Uma delas veio com o diagnóstico de síndrome de ASIA, confirmado por um reumatologista. A outra paciente veio por conta própria por apresentar sintomas frustros e “linkando” estes sintomas ao uso do silicone.

Ambas relataram melhoras de alguns sintomas após os explantes, mas não temos como correlacionar o explante a estas melhoras.”

CIÊNCIA EM BUSCA DE RESPOSTAS

Pesquisadores, cirurgiões plásticos e as principais sociedades de cirurgia plástica e autoridades de saúde pelo mundo estão mobilizados para entender melhor a doença do silicone e Síndrome ASIA. Algumas revisões recentes investigando o BII e a segurança dos implantes mamários começam a lançar alguma luz sobre o tema.

Lá fora, um dos focos da força-tarefa com diferentes pesquisadores da Fundação de Educação e Pesquisa em Cirurgia Estética (ASERF), braço de pesquisa da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), é entender a relação entre os sintomas e os implantes mamários. “Mais estudos são necessários para determinar o melhor método de triagem de pacientes antes da cirurgia de implante mamário e para determinar quais pacientes, se desenvolverem BII posteriormente, têm probabilidade de melhorar com a remoção do implante”, observou a ASPS em documento do ano passado.

Para melhorar, mas não substituir a discussão médico-paciente sobre os benefícios e riscos dos implantes mamários, que pertencem exclusivamente a pacientes individuais, a FDA emitiu, no ano passado, uma orientação final para a rotulagem de implantes mamários e deter minou que as caixas devem conter três informações aos pacientes: que os implantes não são vitalícios, que os implantes texturizados estão associados ao BIA-ALCL e que os pacientes devem ser informados de que há relatos de pacientes com implantes que têm reportado uma série de sintomas sistêmicos. “O que falta é fazer esse link do implante mamário com todo esse conjunto de sintomas. Talvez existam algumas pacientes que, por alguma questão imunológica, estejam predispostas a desenvolver algum sintoma adverso”, afirma a Dra. Anne.

A cirurgiã plástica cita um estudo canadense, que avaliou 100 pacientes submetidas à explante, para mostrar que a questão do BII ainda segue uma pergunta em aberto para a ciência. Elas foram divididas em três grupos de acordo com a melhora dos sintomas. No grupo 1, houve melhora em 80% dos sintomas físicos, enquanto, no grupo 2, houve melhora dos sintomas por um período e retorno dos sintomas após 6-12 meses. Já no terceiro grupo não houve melhora dos sintomas físicos após o explante.

“Os dados apontam que algumas pacientes melhoram, outras não e outras melhoram transitoriamente. A grande questão que precisamos responder é se o implante de silicone está, de fato, causando sintomas nocivos e como podemos determinar quem são as pacientes mais suscetíveis a desenvolver estes sintomas sistêmicos”, avalia.

No Brasil, a SBCP, por meio do Capítulo de Implantes e Biomateriais, deu início este ano a um estudo lidera do pelo Dr. Denis Valente, de Porto Alegre, que unirá cirurgiões plásticos que fazem explantes para obter dados nacionais sobre o tema. O Dr. Ricardo Miranda, membro da entidade, publicou recentemente na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (RBCP) um estudo no qual avaliou o explante em bloco de prótese mamária de silicone na qualidade de vida e evolução dos sintomas da síndrome ASIA. Foram analisadas15 pacientes com síndrome ASIA e submetidas à explante da prótese de mama e reconstrução com mastopexia. Durante o acompanhamento de 12 meses, elas foram avaliadas quanto à evolu&cc edil;ão dos sintomas. Os sintomas mais comuns, como mialgia, artralgia, fadiga crônica, pele e cabelos secos, tiveram melhora em mais de 80% das pacientes operadas ao final de 12 meses de acompanhamento.

O estudo concluiu que o explante de prótese de mama em pacientes com a Síndrome ASIA “parece estar associado” à melhora da qualidade de vida e diminuição dos sintomas relacionados à síndrome e que “são necessários outros estudos”, com uma amostra maior e análise estatística, para investigar a correlação causal entre explante de prótese de mama com a melhora da qualidade de vida e diminuição dos sintomas.

EDUCAÇÃO DA PACIENTE

Uma pesquisa conduzida pelo Dr. Ricardo Votto, entre setembro e outubro de 2020, trouxe à tona outros detalhes sobre o explante: cerca de 25% dos médicos tiveram pacientes que solicitaram o reimplante nas mamas após o explante, a despeito dos sintomas, por não aceitarem sua imagem sem eles. O dado foi extraído a partir de um questionário enviado por ele para aproximadamente 200 colegas de especialidades, como reumatologistas, cirurgiões plásticos e mastologistas, que responderam sobre suas realidades em consultório. Outro dado aponta que a maioria das mulheres que procuram pelo explante são motivadas pelas redes sociais e pelo medo de vir a ter a condição, e não tanto por apresentar os sintomas relacionados ao BII.

Os resultados finais serão submetidos para publicação na RBCP. Ainda que perguntas importantes estejam sem respostas, o papel do médico neste debate é educar a paciente tendo a ciência e as práticas éticas ao seu lado. “Se a paciente tem uma prótese submuscular ou se não tem nenhuma doença, mas tem uma vontade maior de tirar a cápsula, vou explicar para ela que, se eu tiver problema na cirurgia, não vou tirar. A paciente não pode exigir isso do médico e ele só deve fazer se existe uma doença”, opina a Dra. Ruth Graf, do Paraná. “Este é o momento em que podemos fazer a diferença como médicos, expondo o que existe de ciência até o m omento sobre BII, que é muito pouco, e as orientando sobre as melhores opções para cada caso”, reforça a Dra. Anne.

O norte-americano Bradley Calobrace, cirurgião plástico que é uma das maiores autoridades no mundo em cirurgia de mama, disse por e-mail em resposta a esta pergunta: “Este não é um momento para operar com base em evidências anedóticas ou palpites. É importante seguir as orientações da medicina baseada em evidências mesmo quando as informações disponíveis são limitadas”.

Para o presidente da SBCP, Dr. Dênis Calazans, é preciso auxiliar as pacientes a compreender que os estudos têm sido realizados para estabelecer ou não a relação entre BII e implantes mamários e que estes dados não são obtidos na velocidade das redes sociais. É importante ouvir e acolher as queixas das pacientes e apresentar as opções seguras e éticas, baseadas em evidências científicas, para pacientes que desejam explantes por BII. Nós, cirurgiões plásticos, não podemos vender soluções mágicas e desprovidas de ciência”, diz.

Fonte: Revista Plastiko’s – Edição 226.

http://www2.cirurgiaplastica.org.br/blog/2021/04/26/explante-mamario-e-a-ciencia/

Sociedades Médicas se unem para esclarecer os mitos sobre a Síndrome ASIA São Paulo, março de 2021

Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) lançam a ‘Campanha Mitos e Verdades’ que visa promover ambiente seguro para pacientes buscarem informações corretas sobre a síndrome. Sociedades também irão realizar uma live no dia 24/3 para tirar dúvidas da população a respeito do assunto.

Com o objetivo de esclarecer a população sobre as reais questões envolvem os implantes de silicone, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) lançam a campanha Mitos e Verdades. A iniciativa possibilita o acesso a informações seguras sobre a Doença do Silicone, assim denominada nas redes sociais e sobre a Síndrome ASIA e suas manifestações. No último ano, pesquisas no site Google sobre essas doenças cresceram 350%. Relacionadas a elas, buscas sobre explante de silicone apresentaram aumento de 170%. Por ser relativamente nova, a ASIA e a chamada Doença do Silicone tem sido objeto de inúmeras fake news que tem alarmado e gerado excessiva ansiedade e, muitas vezes, busca por pro cedimentos cirúrgicos como medida preventiva, baseado em fatos sem qualquer fonte científica. A campanha da SBCP está disponível no hotsite www.doencadosilicone.org.br e nas redes sociais das instituições.

“Importante registrar que Doença do silicone e síndrome ASIA não são a mesma coisa. A Doença do silicone é um termo atribuído pelas próprias pacientes para descrever um conjunto de sintomas que elas atribuem ao uso do implante, também conhecido no inglês por Breast Implant Illness (BIIs). Dentre os sintomas estão fadiga, depressão, mal funcionamento intestinal, dores articulares etc. Por se tratar de um quadro recém descrito, essa associação entre o silicone e o desenvolvimento de sintomas que simulam doenças imunológicas ainda está em estudo para averiguar a relação causal e a OMS (Organização Mundial de Saúde) ainda não reconhece esse termo como uma doenç a real. Além desse fato, não foram identificados ainda exames que comprovem a afecção, dificultando a diferenciação entre ela e sintomas habituais decorrentes do estresse, por exemplo. Apesar de ser usado, muitas vezes, para englobar a Síndrome ASIA, são quadros distintos e na BII não conseguimos caracterizar uma doença imunológica propriamente dita”, explica a Dra. Marcela Cammarota, diretora de Comunicação da SBCP.

A síndrome

A Síndrome de ASIA (síndrome autoimune-inflamatória induzida por adjuvante) foi descrita em 2011 por Yehuda Schoenfeld e consiste em desenvolvimento de doenças autoimunes em indivíduos geneticamente predispostos como resultado de exposição a adjuvantes (substâncias estranhas ao organismo que provocam reação imunológica). Essas substâncias já foram descritas há alguns anos e algumas delas são: fragmentos infecciosos, hormônios, alumínio e recentemente vem se destacando o escaleno, óleo obtido de tecido de tubarão e usado nas vacinas anti-influenza disponíveis no país.

Apesar de ser uma condição muito rara, o silicone tem sido considerado uma dessas substâncias, podendo desencadear reação imunológica e manifestações semelhantes à de algumas doenças reumáticas, sendo os sintomas mais comuns relacionados a fadiga crônica, dores articulares e musculares, boca e olho seco e algumas manifestações neurológicas. A presença de autoanticorpos contra o silicone e alguns HLA específicos, responsáveis por apresentar os antígenos ao sistema imune, podem indicar o desenvolvimento da doença. Apesar de serem condições extremamente raras em pacientes que realizaram procedimentos de implante mamário, a campanha visa proporcionar um ambiente seguro para troca de informações e combate às notícias falsas. “A Campanha Mitos e Verdades visa esclarecer todas as dúvidas baseadas em evidências científicas e pesquisas médicas realizadas nos últimos anos”, explica o Dr. Dênis Calazans, presidente da SBCP. A ação baseia-se em linguagem simples e direta para melhor apreensão do conteúdo que mescla cards e vídeos informativos com especialistas das áreas de cirurgia plástica e reumatologia. De maneira viva e interativa, a campanha apresenta conteúdos sobre sintomas, diagnóstic os e tratamentos para a síndrome. A campanha traz vídeos de especialistas sobre a doença e um e-book didático para ser compartilhado.

Ficha técnica da Campanha

Campanha Mitos e Verdades

Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), atenta à movimentação de autoridades sanitárias francesas no tocante a restrição de determinados implantes mamários, cujas evidências científicas ainda em fase investigativa e não conclusivas, relaciona a linfoma anaplásico de grandes células (BIA-ALCL); se manifesta com responsabilidade institucional e científica, voltada a segurança de pacientes, com o que segue: Por SBCP

Agence Nationale de Sécurité du Médicament et des Produits de Santé (ANSM), agência regulatória francesa, emitiu uma decisão final sobre a disponibilidade de alguns implantes mamários texturizados e poliuretano na França; A decisão da ANSM restringe a colocação no mercado, distribuição, publicidade e uso de alguns implantes mamários de silicone texturizados e de poliuretano na França. A decisão é válida a partir de 05 de abril de 2019; É importante destacar que a incidência da referida doença ALCL é extremamente baixa. Não existe qualquer relação entre o uso de implantes de silicone e o câncer de mama (carcinoma mamário, tumor mais frequente em mulheres); A SBCP ressalta que esta decisão não é baseada em fatos ou novas evidências científicas encontradas até o presente momento. Especificamente, a decisão é de exclusiva responsabilidade da ANSM francesa; a Comunidade Internacional da Cirurgia Plástica, através de outras autoridades regulatórias não ratifica esta decisão; incluindo o Grupo de Trabalho da Comissão Europeia, que foi estabelecido para examinar o benefício / risco relativo dos implantes mamários texturizados. Esta Força-tarefa conduziu uma análise ampla da classe de implantes mamários texturizados e encontrou “evidências científicas insuficientes para limitar o uso de implantes mamários texturizados, uma vez que proporc ionam resultados clínicos e psicológicos positivos para os pacientes” Os critérios de biossegurança e tecnovigilância dos implantes mamários utilizados no Brasil, nos fazem um dos países de grande respeitabilidade perante a comunidade científica mundial; A SBCP mantém uma Comissão (permanente) de Silicone, cujas atribuições passam pelo contínuo estudo científico e constante troca de informações com a comunidade médica internacional para aprimoramento e manutenção da segurança no uso destes dispositivos na Cirurgia Plástica; No Brasil, a notificação e relato oficial de casos de ALCL associados a implantes mamários são em torno de uma dezena. Não obstante, a SBCP tem mantido o alerta de vigilância junto a seus mais de 6500 médicos associados, para rastreamento e monitoramento de pacientes.

São Paulo, 06 de abril de 2019.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA http://www2.cirurgiaplastica.org.br/2019/04/08/nota-de-esclarecimento-3/

 

 

 

RECOMENDAÇÕES SOBRE A CIRURGIA DE GLUTEOPLASTIA

A) RECOMENDAÇÕES PRÉ-OPERATÓRIAS:
1)  Comunicar-se conosco até dois dias antes da operação, em caso de gripe, indisposição ou antecipação do período menstrual.
2)  Internar-se no hospital ou clínica indicada na Guia de Internação, obedecendo ao horário estabelecido e o jejum recomendado.
3)  Evitar bebidas alcoólicas ou refeições muito lautas na véspera da cirurgia.
4)  Evitar todo e qualquer medicamento para emagrecer, que eventualmente esteja utilizando, por um período de 7 dias antes do ato cirúrgico. Isto inclui também os diuréticos. Evitar AAS e seus derivados por 7 dias antes da cirurgia.

  • Programe suas atividades sociais, domésticas, profissionais ou escolares, de modo a não se tornar indispensável a terceiros,  por um período de aproximadamente 7 a 10dias.
  • Exames laboratorias específicos serão solicitados previamente a cirurgia.
  • Leve para o hospital roupas leves, fáceis de vestir, evitando jeans apertados e roupas justas.

B) RECOMENDAÇÕES PÓS- OPERATÓRIAS:
1)  Evitar esforços físicos nos 40 primeiros dias.
2)  Obedeça às instruções que lhe serão dadas por ocasião da alta hospitalar, relativas à movimentação dos membros inferiores ou massagens.
3)  Evite molhar o curativo, até que seja autorizada a fazê-lo.
4)  Não se exponha ao sol ou friagem, até 2ª ordem.
5)  Obedecer à prescrição médica.
6)  Alimentação normal (salvo casos específicos, que receberão orientação).
7)  Voltar ao consultório para curativos subseqüentes, nos dias e horários estipulados.
8)  Consulte este folheto informativo quanto à evolução pós-operatória, tantas vezes quanto necessário.
9)  Provavelmente você estará se sentindo tão bem, a ponto de olvidar-se que foi operada recentemente. Cuidado! Esta euforia poderá levá-la a um esforço inoportuno, o que determinará certos transtornos.
10) Não se preocupe com as formas intermediárias nas diversas fases. Tire conosco suas eventuais dúvidas.

 


 
 
 
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